Leonardo Dias

O objetivo deste espaço é implementar a discussão acerca das atualidades de nosso país. Política, Economia e Futebol (Esporte Clube Bahia) serão os temas mais abordados. Por mais que possa não parecer, esses assuntos estão extremamante integrados. Confira! (05/09/2005)

A violência da TUI tem explicação? (17/03/2008)


Não restam dúvidas de que esses Marginais da TUI- “Torcida Organizada Imbatíveis” estão afastando os torcedores que tradicionalmente desejam participar da alegria de comemorar as vitórias do seu time dentro de campo. Essa torcida é composta essencialmente de vagabundos desocupados travestidos de torcedores e a motivação maior de sua criação é baderna e a desordem. A ideologia que norteia os seus integrantes são a intolerância e a completa ausência de respeito para com o torcedor adversário. São marginais que não merecem as novas oportunidades que lhes foram dadas para conviver novamente em sociedade, uma vez que a maioria absoluta de seus integrantes possuem antecedentes criminais devidamente apreciados pela lei, mas infelizmente foram liberados para reincidir na pratica de atos nocivos à ordem social.

Identificá-los não é o bastante, é necessário principalmente puni-los severamente e efetivamente como única solução.

Orientados por uma hierarquia, os marginais submissos ao comando dos “chefes de torcida” assumem o papel de promoverem as brigas que começam com gritos e ofensas e posteriormente caminham para as agressões físicas a distância (pedradas, pauladas, tijoladas, bombas caseiras e infelizmente como ocorreu ontem até tiros que vitimaram dois torcedores do Bahia) e o contato físico passa a ocorrer exatamente quando já não existe mais nada para ser atirado. Essa é uma descrição perfeita e verdadeira do que realmente acontece.

Por outro lado, esse diagnostico grosseiro é apenas informativo e pouco analítico em relação à violência implementada pela Torcida Imbatíveis nos estádios de futebol e nos lugares urbanos de Salvador, pois não explica como se deu e se dá esse processo de multiplicação da violência, por isso ele deve ser ampliado de modo a compreender como ocorreu o surgimento de mais um grupo de criminosos, como essa torcida do Vitória que traz para nossa cidade o que já verificamos no Sudeste do Brasil.

Afim de explicar os por quês desse tipo de comportamento de uma torcida que surgiu para rivalizar com a Bamor e instalou a violência no futebol baiano, se faz necessário resgatar a própria historia do futebol do ponto de vista Social e Urbano

Existe um consenso entre os historiadores de que, logo quando chegou ao Brasil, o futebol era um esporte de elite, geralmente quem o praticava eram descendentes dos ingleses que pertenciam às classes mais abastadas do nosso país.

Ao longo do tempo, o futebol, por possuir regras muito simples e de fácil compreensão, além de ser necessário pouco material para se praticá-lo, começou a ser praticado também pelas parcelas menos favorecidas economicamente

Segundo historiadores do tema, a partir da ‘ruptura’ em relação ao preconceito por parte de grandes clubes é que se inicia uma vertiginosa elevação da popularidade do futebol, onde começam a surgir as Torcidas Organizadas, como uma espécie de agremiações “institucionalizadas” de origem urbana..

As analises mais grosseiras, em relação a violência na maioria das vezes possuem a tendência de evidenciarem as Torcidas Organizadas como algo longínquo das contradições inerentes a estrutura do Estado brasileiro, desprezando olhar social sobre o fatos ocorridos dentro e fora dos estádios de futebol.

Já os estudos mais recentes que buscam explicar a violência das torcidas organizadas argumentam que o surgimento delas acompanhou de maneira paralela o crescimento e a solidificação dos fenômenos Urbanos, inclusive o advento da própria violência verificada nas grandes cidades seria derivado disso.

Diante dessa percepção, é importante relacionar a violência praticada pelas Torcidas Organizadas de maneira direta com a realidade urbana que exclui, que violenta e oprime, e que estão presentes em todas as grandes cidades do Brasil.

Para os integrantes das camadas populares e mais violentos dessas torcidas, a própria violência se constitui em um fenômeno vivenciado no dia-a-dia. A violência está presente no meio urbano em que moram e assim a violência verificada no futebol termina sendo apenas um espelho dos problemas presentes na nossa sociedade.

Curiosamente, os “princípios” que estimulam a pratica da violência por parte dos integrantes são os mesmos que construíram a falsa noção do que é ser cidadão, do que é exercitar a cidadania, do que é participação política, Democracia, do que é seguir uma religião etc. Ou seja, “ser cidadão” é seguir determinados padrões. Seguir a risca esses padrões significa as vezes ser intolerante as concepções e valores alheios.

Neste sentido, podemos concluir que as ideologias que orientam os integrantes das torcidas organizadas como a TUI reflete a intensificação do processo de urbanização, em que resultam os seus contra-sensos de valores como: espírito de coletividade, espírito de competição, espírito de participação etc.

As rivalidades existentes entre Bahia e Vitória não são nem maiores e nem menores do que Atlético e Cruzeiro em Belo Horizonte; Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo no Rio de Janeiro; Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos em São Paulo; Grêmio e Internacional em Porto Alegre ou ainda Atlético e Coritiba em Curitiba. E justamente por isso, é interessante correlacionar diretamente os dados da violência que se apresentam como sendo ligadas ao futebol com as informações acerca da própria violência urbana verificada em cada uma dessas capitais.

Para reforçar a noção de que a violência no futebol é associada ou até se confunde com a violência verificada nessas cidades é necessário enfatizar que embora o patamar das rivalidades entre os times sejam muito próximos, os índices de violência resultantes delas são diferentes em cada uma dessas capitais, onde Porto Alegre e Curitiba- cidades que apresentam os menores índices de violência em geral, são também as que apresentam dados menos assustadores no futebol, justamente em função também de apresentarem menores discrepâncias Sociais.

Salvador e a própria rivalidade entre Bahia e Vitória proporcionava uma distorção dessa correlação, uma vez que embora a nossa capital seja a mais desigual e uma das cidades mais violentas do país, no futebol era diferente, sendo a rivalidade apontada inclusive como modelo de torcedor para o resto do Brasil, mas isso infelizmente terminou com o surgimento da Torcida organizada Imbatíveis.

Já passou da hora de extinguir o direito desses vândalos da Torcida Imbatíveis de freqüentarem os estádios, mas também vai ficando cada vez mais longe o horizonte em que enxergamos um futuro diferente de um colapso social

De quem é a culpa? (03/032008)

Foi no mínimo equivocado a conclusão do inquérito divulgada ontem que indicou a acusação da atual diretoria do Esporte Clube Bahia como um dos responsáveis pela tragédia ocorrida na Fonte Nova. A diretoria é culpada por várias tragédias ocorridas com o Bahia nos últimos anos, isso é um fato. Mas, será que é culpada também pelo que ocorreu no dia 25/11?

Durante o campeonato, e mais precisamente no último jogo, onde ficaram de fora cerca de 50 mil pessoas sem conseguir ingresso para adentrar a Fonte Nova, o desrespeito para com o torcedor ficou evidente. Pessoas procuravam informações sobre ingressos na portaria da Sudesb e eram covardemente agredidas por policiais irresponsáveis e despreparados. A diretoria do Bahia não teve o mínimo de preocupação nesse sentido. Vendeu os ingressos para cambistas, como uma forma de pressionar a torcida a aderir ao famigerado programa "Onda Tricolor".

Por outro lado, culpar o Esporte Clube Bahia pela tragédia do desabamento da Fonte Nova não tem cabimento. A culpa é da Sudesb. A culpa é do governo do Estado, pois legalmente, o E. C. Bahia apenas solicita o estádio. Cabe ao órgão competente (Sudesb) avaliar e posteriormente concedê-lo para realizações de eventos. O descaso para com o Patrimônio público não é diferente do verificado nos governos anteriores, os quais sempre estivemos dispostos a combater.

O governo Wagner vem tentando promover a oposição do Bahia, o que em certa forma é até interessante, mas os objetivos deles são diferentes dos desejos dos torcedores. Já fizeram “conferência”, exigiram reforma nos estatutos, mas tudo ficou apenas no discurso, ou seja, de concreto até agora nada, além do populismo que costuma nortear as administrações petistas.

O Superintendente Bobô foi indicado pela figura que representa diante da nossa torcida, e por ser atualmente adversário de Maracajá por conveniência, pois sempre foi a favor. Atualmente militante ativo da chamada "oposição tricolor", a indicação de Bobô para o cargo indica uma postura estratégica do Governo em relação ao uso da torcida do Bahia como mecanismo de propagação de uma avaliação positiva em relação ao Governo.

Talvez o nosso ídolo Bobô não tenha a instrumentalidade ou o conhecimento técnico necessário para exercer a função que foi delegada a ele, sem observar critérios inerentes a tecnicidade . A maior parcela da culpa pertence ao Governo do Estado e, infelizmente, através de mecanismos de propagação como radialistas , sites, blogs e etc, uma falsa verdade está se legitimando como incontestável.