Leonardo Dias

O objetivo deste espaço é implementar a discussão acerca das atualidades de nosso país. Política, Economia e Futebol (Esporte Clube Bahia) serão os temas mais abordados. Por mais que possa não parecer, esses assuntos estão extremamante integrados. Confira! (05/09/2005)

Não dá para entender (Edital para requalificação de Pituaçu) (29/01/2008)


No mínimo muito estranho o edital publicado pelo Governo do estado, através da Conder, convocando empresas para apresentarem suas propostas de implementação de obras e serviços de engenharia para requalificar, reformar e ampliar o Estádio Roberto Santos (Pituaçu).

Segundo o edital, os interessados devem obter as “informações que precisam” no dia de hoje e proporcionar um orçamento até as 10h30min de sexta-feira, um prazo extremamente encurtado. Perguntamos: Que empresa séria ousar-se-ia a apresentar um orçamento para um projeto dessa dimensão em pouco mais de 24 horas?

Perguntar não ofende.

Por que o Bahia deve jogar no Barradão ? (26/01/2008)


Temos que rever seriamente essa história de manter o mando de campo no estádio Jóia da Princesa. O estádio tem se apresentado como se fosse um campo neutro. Os ultimos resultados negativos ocorridos representam tropeços que não seriam toleráveis na Fonte Nova. Não devemos esquecer que o mando de campo é nosso. Portanto, estamos jogando jogando "em casa" sem o apoio da torcida.

O estádio Alberto Oliveira pode ser considerado “neutro”, na medida em que constatamos a ausência do torcedor do Bahia em Feira de Santana. È fato que os torcedores do Bahia não estão comparecendo. A torcida sempre campeã do Brasil em presença no estádio por diversas temporadas está órfã da Fonte Nova.

A elevação nos preços dos ingressos como um meio de retrair a demanda, juntamente com a distância de 110 km são variáveis explicativas ao pífio comparecimento da Torcida tricolor nessas primeiras rodadas. Partindo desse pressuposto, seria lógico acreditar que se o Bahia mandasse os jogos no estádio do Barradão, o comparecimento seria maior? a resposta é sim. Conscientemente, passamos a admitir a possibilidade de mandar os jogos no barradão quando consideramos as questões operacionais de um clube de futebol como fatores que se refletem dentro de campo.

Em relação as questões operacionais de um clube de futebol, devemos destacar que, há muito tempo que não é característica dos clubes do futebol brasileiro, a adoção da bilheteria como principal fonte de receita. Com o advento da profissionalização do futebol, as principais fontes de receita tem sido a venda de jogadores, cotas de televisão e de patrocínio (uniforme), publicidade, royalties, venda de direitos de imagem e receitas do clube social (piscina/academia/quadra entre outras). Segundo levantamento feito por estudiosos do tema, a receita de bilheteria representa apenas 7% da arrecadação média dos clubes profissionais brasileiros.

No Esporte Clube Bahia é diferente. O Bahia não se enquadra nessa estatística. Neste sentido, a torcida do Bahia representa mais um contraste em relação a qualquer outra do futebol brasileiro. Não é equivoco dizer que a torcida do Bahia sustenta o clube. Nos últimos anos, a principal fonte de receita do Esporte Clube Bahia tem sido sim as bilheterias, a presença de publico.

Fora da elite desde 2003, quando caiu para a serie B, o Bahia perde 80% da arrecadação das verbas de Televisão a que teria direito, e não para por aí. O problema é que além do prejuízo em relação às cotas de TV, um verdadeiro efeito cascata atinge toda cadeia de receitas do clube. Em função do arrefecimento da visibilidade, os potenciais patrocinadores se afastam, provocando redução nas receitas de publicidade. Os atletas revelados são vendidos por um valor muito abaixo do mercado da elite, pois tem os valores do direito de imagem que agregam ao valor do passe também reduzido em função da menor visibilidade. Dessa forma, o relativo “equilíbrio” nas contas do Esporte Clube Bahia como o pagamento de salários dos atletas e outros funcionários, só é explicado pela receita oriunda das bilheterias.

Neste sentido, O grande diferencial que é a torcida tricolor, também como fonte de arrecadação não pode ser desprezado como está sendo.

Apesar das infinitas restrições que temos ao Barradão, "lixão" como nós tricolores carinhosamente apelidamos o estádio que nos vai ser muito util, pelo menos até a conclusão da reforma de Pituaçu, o barradão se apresenta como um atenuante dos problemas mencionados acima. .

Em tempo, a Bamor já está cantando:

"Vamos torcer para o Bahia ser campeão, lá no lixão meu caldeirão..."

Inserção eleitoral do PPS Bahia em 25/11/2007



PARTICIPAÇÃO: VIRGILIO PACHECO. LEONARDO DIAS, FRANCISCO REBELO, IVANILTON ROCHA, TIAGO MARTINS, HANS SCHLEIER Programa Eleitoral do PPS da Bahia sobre a implantação da via náutica

O PPS e o PDDU* (23/11/2007)

O PPS não é contra o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU, por oportunismo. A decisão de votar contra o PDDU foi fruto de uma deliberação da executiva do partido. Para o PPS, o PDDU é um excelente instrumento de políticas públicas que permite planejar projetos municipais que organizam e desenvolvem o espaço urbano. O "problema" é que no PDDU existem ações que influenciam direta e indiretamente inúmeras questões na sociedade soteropolitana e baiana, como a infra-estrutura urbana, transporte e serviços públicos.

O Plano Diretor deve proporcionar que a evolução da cidade e das atividades econômicas urbanas ocorram sem violência ao meio ambiente. São questões que merecem um aprofundamento no debate, antes de serem aprovadas, sob pena de que prejuízos irreparáveis no futuro sejam verificados. Neste sentido, o PPS não é contra o PDDU. O PPS é contra a maneira como ele está sendo proposto.

O PPS, através do nosso representante no poder legislativo, o vereador Virgilio Pacheco, acredita na necessidade de adiar a votação do projeto que propõe mudanças importantes e permanentes na cidade. Entendemos que da maneira como está sendo proposto, o Projeto privilegia os interesses do capital financeiro, ao promover a especulação imobiliária, especialmente na região da orla, onde seria admitida a construção de grandes edifícios, a chamada verticalização, sem a contra partida necessária. Além disso, dá pouco enfoque a questões como transporte e acessibilidade.


Leonardo Dias – Membro da Executiva Estadual do PPS-Bahia

Fraude nas pesquisas de torcidas (16/12/2007)


Leonardo Dias- leonardodiasbahia@gmail.com

Observamos pesquisas fraudulentas que dizem que o Flamengo é a maior torcida. Que tem 33 milhões de torcedores. Que Corinthians tem a 2ª maior torcida. Os institutos de pesquisa do Sudeste superestimam os índices de torcida dos times destas regiões, mas esquecem que o Flamengo, por exemplo, não impõe uma média de 40.000 torcedores em um estádio há mais de 20 anos, e que o Corinthians mesmo em boa fase não bate recordes de bilheterias.

Outro desatino que verificamos facilmente é a manipulação dos dados reais produzida pelos meios de comunicação do Sudeste, mentindo em relação a quantidade de torcedores dos times destas regiões. Vamos ilustrar essa afirmação: O Rio de Janeiro tem uma população estimada em 2005 pelo IBGE de 15.383.407 habitantes. No Rio tem o Botafogo, Vasco, Fluminense, América e outros times. Portanto, no seu estado o Flamengo não tem uma “super torcida” como proferem, pois a divide com todos os outros.

A Bahia foi estimada pelo IBGE com uma população de 13.950.146 habitantes. Na Bahia a hegemonia do Bahia é evidente, seja ele medido através da presenças nos estádios, como em números absolutos. Foi constatado que o Bahia tem 70% da torcida e o restante torce pelo o Vitória, Fluminense de Feira e outros times sem expressão. Portanto, por estado o Bahia tem maior Torcida que o Flamengo. Outra questão: ser simpático a um clube não possibilita a conclusão de que o simpatizante seja “torcedor”. Tenho certeza que no Sul o Flamengo não tem simpatizantes, e no Nordeste só encontra simpatizantes em Alagoas, Rio Grande do Norte, Maranhão e Paraíba, pois na Bahia é um fiasco.

O Bahia ainda conta com um percentual significante de torcedores em Sergipe, Alagoas e, sobretudo no estado de São Paulo, devido ao processo de migração predominantemente baiano e nordestino ocorrido nas quatro décadas passadas, o que faz do Bahia a quinta torcida em números absolutos do estado de São Paulo, ficando atrás apenas dos quatro grandes clubes daquele estado, respectivamente, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos.

Qualquer questionário de investigação empírica que for aplicado em um pesquisa imparcial chegará a conclusão de que fora do Rio de Janeiro por exemplo, os supostos torcedores do Flamengo e do Vasco, na verdade apenas têm simpatia por esses clubes. Muitos deles chegam a afirmar que quando estes clubes enfrentam o próprio rival, eles torcem pelo time local.

Esse fenômeno é observado entres os times da Paraíba com Botafogo, Treze e Campinense; no Pará com Paysandu, Remo e Tuna Luso; no Ceará com Fortaleza, Ferroviário e Ceará Sporting; no Rio Grande do Norte com ABC, América e os times de Mossoró. no Maranhão com Sampaio Correia, Moto Clube e MAC; nas Alagoas com CRB e CSA e por aí vai... Geralmente as pessoas tem os times do sudeste como segundo time, já que os seus verdadeiros clubes de coração não disputam competições nacionais.

Um exemplo de procedimento correto que deveria ser adotado pelas pesquisas seria, por exemplo, perguntar para um habitante de Natal-RN: você torce para que time? Uma possível resposta seria: R: Flamengo!, a segunda pergunta seria: e em Natal? A resposta seria: :ABC (América-RN). A ultima pergunta seria: -Se jogar Flamengo e ABC, você torce para quem? A resposta padrão é : ABC- . A grave infração cometida por essas pesquisas é computar esse torcedor do exemplo mencionado como sendo apenas Flamenguista. Isso certamente é explicado pelo caráter irracional que costuma nortear essas pesquisas, ficando cada vez mais evidente o modelo descompromissado com o rigor cientifico na produção dos dados estatísticos.

Recentemente, um instituto de pesquisa admitiu que a sua base de dados foi uma pesquisa pela Internet. Que parâmetro seria esse que desconsidera o nível de desenvolvimento socioeconômico de cada região, inclusive o nível de inclusão digital?, pois a região Nordeste, e especificamente a Bahia situa-se entre os últimos no ranking das unidades federativas brasileiras em termos de acesso à WEB.

Um outro tópico essencial que geralmente é ignorado por essas pesquisas é o alto grau de bairrismo existente na Bahia. .Historicamente, o baiano, apesar de ser considerado “hospitaleiro”, ao lado do gaúcho, “disputa” o posto de mais barrista do Brasil. Isso fica evidenciado ao analisarmos categorias como cultura, hábitos e tradições. O Baiano é extremamente bairrista e costuma defender o que é seu, desde o acarajé até a exigência de cantar o hino do Bahia todos os anos no carnaval de Salvador, que é a festa mais popular do planeta, diante de milhões de turistas. Uma grande parte da população baiana alimenta um bairrismo desde o berço, onde os pais ensinam os filhos a gritar “Bahêea!”

Mais um fato curioso é que essas pesquisas não refletem nem de longe as estatísticas históricas e oficiais de publico presente nos estádios ao longo do tempo. Pois apesar de estar fora da divisão de elite já alguns anos, o Bahia continua a estabelecer recordes oficiais de publico.

A credibilidade de determinados institutos de pesquisas já não existe há muito tempo e essa desqualificação deriva historicamente de erros grotescos de estimações mal sucedidas em pesquisas político- eleitorais, que são o “carro-chefe dessas organizações. Se formos falar de Futebol, não precisaremos fazer muito esforço para concluir que a publicação dessas pesquisas é de uma tentativa de formar uma “opinião pública” que deve ou deveria atender a interesses diversos como publicidade, audiência de emissoras de TV da região sudeste, supremacia econômica e incontestável das regiões sul e sudeste e etc.

São pesquisas elaboradas por pessoas que não conhecem o Brasil e muito menos as peculiaridades de cada região. Essas pesquisas se constituem em verdadeiras fraudes que se assemelham as campanhas eleitorais.

Já está provado por estáticas desprovidas de parcialidade que o Bahia tem sim a terceira ou a quarta torcida do Brasil, ficando atrás de Flamengo e Corinthians. Isso é um fato. Doa em quem doer.

Leonardo Dias- leonardodiasbahia@gmail.com

Arena e o aumento da exclusão (14/12/2007)


VERDADEIRO TORCEDOR DO BAHIA, ESSENCIALMENTE POBRE, QUE DEIXA DE SE ALIMENTAR PARA IR AO ESTÁDIO, ESTARÁ ETERNAMENTE PROIBIDO DE FREQUENTAR A FONTE NOVA (ARENA)!

O governador decretou: o estádio da Fonte Nova será demolido.

Isso já estava decidido desde muito antes da tragédia ocorrida no domingo. Uma "decisão" que causou polemica nas ultimas semanas, e que fez com que o governo ficasse em cima do muro, e cogitando até recuar na decisão, pois até então, segundo a população, demolir a Fonte Nova, significava "destruir a historia', "destruir um patrimônio dos baianos". Ou seja, o respaldo da opinião publica para que isso ocorresse até então não existia.

A maior tragédia ocorrida em um estádio de futebol brasileiro será o argumento fundamental que faltava para que o Governo do Estado referende e agora, paradoxalmente com o apoio popular aquilo que estava previamente estabelecido. Especialistas em marketing eleitoral já foram consultados sobre como se deve dar o "espetáculo da demolição". Ficou decidido que o presidente Lula juntamente com o Governador apertará o botão que dará inicio a implosão

Perguntamos se construir a tal arena esportiva, cujo projeto prevê a implantação de Shopping Center's, McDonalds, cinemas e motéis, é uma demanda específica dos torcedores que costumam freqüentar a Fonte Nova. A consecução desse projeto é uma demanda do povo da Bahia ou visa atender a necessidade de exploração da iniciativa privada do que até então é publico, e portanto do povo?

O governo já declarou que o projeto com um orçamento em torno de R$ 300 a R$350 milhões será executado através de uma PPP- Parceria publica Privada. Além de subsidiar o capital privado investido, o governo irá entrar com recursos para reduzir o risco privado em obras que não são vistas como auto-sustentáveis ou cujo processo de maturação é indefinido.

Não é necessário entrar no debate acerca dos benefícios e malefícios das PPP's, mas vale ressaltar que ideologicamente este partido que atualmente representa o Governo Estadual e Federal, enquanto partido de oposição, sempre foi contra. O argumento clássico sempre foi o de que as PPP's atenderiam a uma lógica perversa de reprodução do capital, onde o estado impulsionaria uma nova ou até "pior forma de privatização", pois os contratos poderiam durar décadas.

Neste sentido, causa estranheza perceber que as concepções agora são outras e que o pragmatismo exagerado como foram conduzidos esses primeiros 11 meses (quase 25 %) de governo do PT na Bahia, sem acenar com nenhuma expectativa de mudança, deixa claro que o único projeto que existiu e existe, é o de se manter no Poder.

O ambiente democrático deve traduzir a aspiração do povo ao passo em que esta se traduz num aparelho institucionalizado pelo Estado, que convencionalmente cumpre princípios padrões das demandas sociais, uma vez que tais demandas devem ser comparadas e avaliadas diante de uma viabilidade técnica de alocação de recursos escassos.

"Elitizar" o acesso aos estádios de futebol é a intenção subliminar. Retrair o publico através do aumento no valor dos ingressos é admitido como uma forma "plausível" de "resolver o problema" que é o elevadíssimo número de torcedores que costumam lotar a Fonte Nova. Só entrará quem pode pagar caro. O povo que se contente com seu radinho.

Não é necessário dizer, que caso essas expectativas venham a ser confirmadas, estaremos mais uma vez caminhando na contra mão da nossa historia e rumo ao regresso de uma sociedade mais justa e igualitária.

Há de se perguntar até quando vamos permitir passivamente a concretização desse projeto de alastramento da exclusão social em salvador, na nossa Bahia, no nosso Brasil?

Carecemos de um projeto construído de forma publica com a participação efetiva de todas as torcidas, do Bahia, do Vitória - patrimônio maior. Não podemos nos esquecer nunca que o direito de torcer é do povo, é da massa.

Virgílio Pacheco e a fidelidade partidária (15/09/2007)

O vereador Virgílio Pacheco [PPS] é favor da fidelidade partidária. Tanto é assim que durante 20 anos militou no PDT, ajudando a defender a bandeira da educação e na formação da cidadania e mudou de partido justamente no momento em que percebeu que estas deixaram de ser as bandeiras defendidas pelo seu ex-partido, em profundo desacordo com o próprio estatuto e história do PDT.

A "fidelidade partidária" é o assunto do momento. No entanto, nem sempre os argumentos convocados no sentido de fazer a defesa do tema podem ser considerados corretos. Muitas vezes eles são contraditórios. Não há duvidas de que a decisão de ontem (04) proferida pelo Supremo Tribunal Federal- STF representa um marco histórico na política brasileira, mas há de se levar em consideração as distorções de tal deliberação.

A primeira questão é relacionada a importância da fidelidade partidária. Subentende-se que a fidelidade partidária é colocada em patamar elevado, até mesmo de mais importância do que a fidelidade dos eleitos às aspirações do eleitorado que os elegeram.

Entretanto, mais importante do que a fidelidade partidária está a assimilação por parte dos eleitos aos anseios do eleitorado. Tomemos como exemplo, um partido da oposição, onde seus parlamentares são eleitos em defesa de posições antagônicas à situação. Mas, que por outras razões (até mesmo o fisiologismo), passa dar apoio ao governo, sob o norteamento da cúpula do partido. Sendo assim, podemos considerar que os parlamentares do referido partido devem ser caracterizados como "infiéis", sendo que na verdade foi a legenda quem mudou de rumo? Contradizer a nova direção da cúpula partidária e se manter fiel as bandeiras que o elegeram deve ser considerada como ato de infidelidade? A resposta é não e o vereador Virgilio Pacheco, assim como próprio STF assim interpretou no dia 04 de outubro.

A prerrogativa para mudança de partido estabelecida e interpretada pelo STF é clara: "é absolutamente legal a mudança de partido nas hipóteses de perseguição política ou mudança de ideologia partidária, desde que seja possível declarar que a ideologia Partidária não mais se compatibiliza com a dos seus filiados."

Nas eleições de 2006, as urnas colocaram o PDT na oposição. Os parlamentares eleitos pelo partido apresentaram um discurso oposto ao que se faz presente na administração federal, da qual o PDT hoje faz parte. O processo de cooptação promovido pelo governo federal atingiu uma parte significativa da cúpula nacional do partido que de oposição ferrenha, hoje ocupa um ministério estratégico do governo Lula. A infidelidade da cúpula Pedetista representa um abissal distanciamento entre eleitor e eleito, aprofundando a crise de representatividade, uma vez que parlamentares eleitos para a oposição hoje são Governo. São essas as razões que fazem com que a decisão do STF não atinja o mandato do Vereador Virgilio Pacheco.

Esse diagnostico foi fundamental no sentido de orientar a decisão amadurecida do vereador Virgilio Pacheco em ingressar no PPS - partido que elegeu parlamentares para representar a oposição no plano federal e continua desempenhando esse papel.

*É membro da Executiva Estadual do PPS da Bahia e Vice-presidente estadual da juventude

Oposição tricolor também é adepta da politicagem (14/03/2007)


A politicagem continua enraizada no Esporte Clube Bahia. No Futebol, como na política, toda história tem dois ou mais lados, todo fato tem duas ou mais explicações que, por causa da característica passional de ambos, são comumente diferentes. Na política, como no futebol, cada um sustenta seus argumentos à exaustão, cada lado apóia-se em suas convicções "até a morte". Ao longo do tempo, na Bahia, e mais especificamente no Esporte Clube Bahia, as relações entre Futebol e politicagem sempre foram nebulosas. Dirigentes eleitos democraticamente ou não, sempre deram um "jeitinho" de apropriar-se do prestigio que o esporte oferece, aproveitando-se da popularidade que equipes e jogadores conquistavam em campo. É também nesse ambiente que surgem os diversos grupos da chamada "oposição tricolor".

Formado basicamente por alguns conselheiros, políticos, poucos cronistas e torcedores simpatizantes com a idéia de ter um "Bahia Livre", esse grupo sustenta a tese de que as péssimas administrações ao longo do tempo capitaneadas pelo grupo do Conselheiro Paulo Maracajá se constituem na principal variável à explicar as sucessivas tragédias sofridas pelo glorioso esquadrão. Neste sentido, a saída de Maracajá representaria a "ressurreição tricolor".

É verdade que o Conselheiro Maracajá sempre manteve (e continua mantendo) a influência de um verdadeiro dono do Bahia, pois desde que deixou a presidência do Bahia, há mais de 15 anos, praticamente todos os mandatários tricolores tiveram o aval de Maracajá. A relação de Maracajá com o E. C. Bahia assemelha-se a de muitos políticos que costumam reclamar da situação, reconhecem as dificuldades, mas juram que estão "cumprindo uma missão designada por Deus". Ou seja, jamais "largam o osso".

Por outro lado, fazendo-se uma análise imparcial, chegaremos à conclusão de que o grupo de Maracajá só continua comandando o E. C. Bahia por causa de uma oposição formalmente inexistente, pois se existe ela é incompetente, omissa, inepta. Vale lembrar ainda que o grupo de conselheiros que se autodenominam ser de oposição no Bahia, já esteve no poder por dois anos, em 1996 e 1997. Foi um verdadeiro fiasco!. Foi na gestão do grupo que se diz de oposição, que o Bahia caiu para a segunda divisão pela primeira vez em sua história.

A passagem da oposição no comando do Bahia só é lembrada pelo período que conseguiu acelerar o processo de falecimento do E. C. Bahia. Quem não lembra de Antonio Pithon e o seu "time dos sonhos tricolor"?

Dentre as articulações que o grupo de oposição vem promovendo destaca-se, sem dúvida a organização de uma passeata histórica no ano passado pedindo a renuncia coletiva dos atuais mandatários, da qual inclusive participei, mas que efetivamente serviu apenas à pseudos-tricolores, políticos e radialistas aproveitadores com interesses completamente distintos da massa tricolor, que não preciso citá-los, e que praticamente assumiram o comando do movimento para atingirem outros objetivos.

Com relação aos principais lideres de torcidas organizadas, considero que são parecidos com aqueles políticos adesistas, que como mariposas, vão aonde a luz do Poder está acesa. Os líderes de torcida usam os outros torcedores como massa de manobra para barganhar diante da diretoria. Neste caso as torcidas organizadas sempre subsidiaram as gestões que sucederam-se ao longo do tempo no E. C. Bahia em troca de ingressos, bandeiras ou passagens para acompanhar o time e até mesmo manifestações de apoio a Direção.

É de estarrecer que na atual situação do Clube, não exista uma oposição de verdade dentro do quadro de conselheiros do Bahia, sem que os interesses estejam embrenhados pela politicagem. A verdadeira oposição é formada pela torcida tricolor e não por grupinhos insatisfeitos por que receberam uma fatia menor do bolo.

Não sou conselheiro do Bahia, mas me considero de oposição, pois não apoio o modelo de administração seguido pelo por esse grupo que afundou o Bahia. Por outro lado, não apoio uma recomposição com ex-colaboradores do atual grupo e que só pulou fora quando percebeu o barquinho afundando. Já passou da hora de se arquitetar um projeto de reestruturação total de um das maiores riquezas do Estado da Bahia, o Esporte Clube Bahia. Carecemos de um projeto construído de forma publica com a participação efetiva da toda a torcida tricolor - patrimônio maior do Esporte Clube Bahia. Não podemos nos esquecer nunca que o Bahia é do povo, é da massa.

A Ortodoxia da Política econômica do Governo Lula é a intensificação de uma estratégia equivocada (05/09/2005)


O modelo econômico seguido atualmente pelo Governo Lula surgiu como um viés teórico clássico e ortodoxo para a condução da política monetária como centro de uma "estratégia neoliberal de desenvolvimento" iniciado no Governo FHC. Essa estratégia tem logrado relativo êxito, no que tange ao combate à inflação, a tão festejada "estabilidade" da Economia Brasileira. Vale ressaltar que isso deve-se essencialmente à manipulação da taxa de juros. O Banco Central condiciona a política monetária com base a uma inflação acumulada em doze meses em reação à meta estabelecida, assim sendo, promove alterações na taxa básica de juros, com base no índice de inflação passado e de expectativas futuras.

Essa estreita relação entre taxa de juros e inflação traz à tona uma reflexão acerca dos efeitos colaterais dessa política, a qual foi intensificada pelo Governo Lula. Parece que os executores da Política Monetária não levam em consideração, as reações negativas que a taxa de juros exerce sobre algumas variáveis macroeconômicas como, por exemplo, a própria inflação. Os altos juros praticados acabam por elevar os custos da produção em geral, e o desaquecimento da economia tem como conseqüência uma subutilização do aparelho produtivo, e inevitavelmente leva à elevação dos custos unitários de produção.

A taxa de juros vem influenciando também a poupança, que teve, comportamento de queda durante os últimos anos, o que limitou não só o crescimento, mas principalmente, a capacidade de crescimento futuro da economia. De fato as altíssimas taxas de juros contribuíram de maneira essencial para que o aprofundamento do grau de vulnerabilidade externa da economia fosse intensificado, já que aumentou a dívida publica e limitou a capacidade crescimento futuro da economia.

Por outro lado, a política monetária praticada nos últimos anos pode ser considerada como o fator principal na contribuição para elevação extraordinária da relação Divida/PIB. É consenso que se ao longo do tempo a política monetária não fosse tão contracionista, o superávit primário necessário à estabilização da dívida não precisaria ser tão elevado. Merece destaque principal o fato de que a elevação da dívida publica se intensificou mesmo diante de um superávit fiscal estabelecido junto com o Sistema de Metas para a Inflação em 1999, e provavelmente mais grave ainda, esse endividamento ocorreu sob um crescimento muito grande da carga tributaria no país, principalmente nos primeiros quatro anos de Governo Lula.

Durante todo Plano Real a carga tributária cresceu mais de dez pontos percentuais em relação ao PIB. Esses registros foram traduzidos em um aumento relativo da participação do Estado na economia, aumentando a sua capacidade de arrecadação pela União, Estados e municípios. A carga tributária passou a crescer a proporções maiores nos últimos anos, diante da necessidade de se conseguir um superávit primário, imprimindo um volume maior de impostos ao contribuinte brasileiro. Mesmo considerando que a carga tributária liquida de juros permaneceu relativamente no mesmo patamar, conclui-se que o aumento da carga tributária brasileira tem como objetivo tentar amenizar os reflexos da política monetária sobre o lado fiscal, tentando manter a capacidade de gastos públicos .

A atual estratégia de política econômica tem se mostrado eficaz na redução das taxas inflacionárias, ao passo em que pode ser considerada desastrosa em relação à queda do PIB, redução significativa do nível de renda. e uma taxa de investimento muito inferior as reais necessidades do país. A elevação dos juros como gerador de desemprego e queda na produção pode ser vista também sob a ótica do consumo: um aumento na taxa de juros contrai o consumo das famílias, o que impacta diretamente sobre a propensão marginal a investir das empresas.

A comparação do Modelo Econômico brasileiro com a experiência de outros países emergentes, modelos naturais de comparação, Rússia, China, Índia e até mesmo a Argentina, evidencia que os Bancos Centrais estrangeiros apresentam diversos pontos de flexibilidade, destacando a preocupação com o crescimento do produto e o emprego. Nesses países, A política de controle às pressões inflacionárias considera flutuações do hiato do produto para conduzir a política monetária. Essa observação é refletida nos resultados obtidos por outras economias emergentes, onde a política monetária utilizada pelos bancos central locais está direcionada tanto no controle da inflação como na estabilidade do produto.

A atual estratégia de Política econômica e a sua "estabilidade monetária" ainda não se mostraram um incentivo à atividade produtiva. Os defensores do modelo apresentam argumentos de que o mesmo é administrado de forma a ganhar a credibilidade na política econômica. No entanto, a degradação social e financeira, tanto do Estado como das classes produtivas, não tem a tendência de suportar tal ganho de credibilidade. Se os credores externos e internos, que financiam os desequilíbrios macroeconômicos da economia brasileira, não traçarem uma nova estratégia de favorecer os seus rentistas (em que faça parte o processo de acumulação), o atual modelo estará progressivamente caminhado para o seu fim.

Foi formada no Brasil uma classe média-alta que vive de rendimentos de aplicações financeiras, e que sustenta politicamente a manutenção de juros elevados. É o fenômeno denominado de "triunfo dos rentistas sobre os produtores". Neste contexto, torna-se necessário levantar o debate em relação às possíveis alternativas de política econômica para o Brasil.

Leonardo Dias Santos